domingo, 11 de outubro de 2009

Área infantil estimula o consumo dos adultos


Espaço para criança deve respeitar norma de segurança e ter monitor

Tem criança que pede para os pais virem almoçar aqui só por causa do "brinquedão'", conta Anselmo Neves, sócio-proprietário do restaurante Bacalhoeiro, de São Paulo.
O "brinquedão" faz parte de uma área reservada para as crianças, com atividades e monitores, e é uma iniciativa crescente entre os empresários, a de oferecer espaços exclusivos para crianças e, assim, atrair e fidelizar clientes adultos.
Segundo Sérgio Santos, consultor empresarial e professor de marketing da pós-graduação da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), a tendência está ligada a um fenômeno social: hoje, os adultos têm cada vez menos tempo para ficar com os filhos.
Logo, o estabelecimento que unir adultos e crianças sairá na frente. "O diferencial será proporcionar à clientela fazer duas coisas ao mesmo tempo -estar com o filho e cortar o cabelo, por exemplo", diz Santos.
A criança -um "agente propulsor de consumo"- entretida faz com que a família permaneça por mais tempo no estabelecimento, ressalta Claudio Felisoni de Angelo, presidente do conselho do Provar-FIA (Programa de Administração de Varejo da Fundação Instituto de Administração).
Assim, 57% das mulheres e 45% dos homens gastam mais quando levam filhos ao supermercado, segundo levantamento realizado no ano passado pelo Provar-FIA em parceria com a Felisoni Consultores Associados. No estudo, foram ouvidos 500 consumidores de supermercados na cidade de São Paulo.
Segundo Angelo, esse resultado também é válido para outros tipos de comércio.
Para Wlamir Bello, consultor de marketing do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), incluir esse tipo de serviço é fundamental para que os pais possam consumir sossegados enquanto alguém olha os filhos. "A criança de hoje também influencia na decisão de compra e na escolha do programa do casal", acrescenta.
Segurança
Quem pensa em investir nesses espaços não pode esquecer as medidas de segurança.
A NBR 14.350, norma de segurança para playgrounds da Associação Brasileira de Normas Técnicas, prescreve o uso de pisos emborrachados amortecedores, alerta José Gilberto Gaspar, proprietário da Instrutoy, de fornecimento e instalação de brinquedos (veja mais sobre segurança ao lado).
Maria Angela Barbato Carneiro, professora da Faculdade de Educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), ressalta também que a molecada não deve ficar sozinha.
"Não se pode fazer do espaço um depósito de crianças. É importante ter monitores não só para cuidar dos pequenos mas principalmente para interagir com eles", destaca.

Fonte: SÍLVIA HAIDAR Folha de São Paulo