sexta-feira, 27 de março de 2009

Shakespeare de gravata




Executivos recorrem a cursos de teatro para melhorar a desenvoltura no ambiente de trabalho, aprender a lidar com situações inesperadas e adquirir o dom da oratória

por Época NEGÓCIOS

O nome do curso é cultura de performance. É praticado por executivos de diferentes níveis hierárquicos de uma empresa, que se reúnem em uma sala onde a única mobília são pufes coloridos. Auxiliados por um professor formado em artes cênicas, eles fazem exercícios de relaxamento, concentram-se profundamente e simulam situações cotidianas do universo corporativo. Aos poucos, com o decorrer das aulas, aprendem a controlar a ansiedade, a corrigir problemas de comunicação, a superar momentos de conflito. Aprendem, enfim, a interpretar da melhor forma possível o papel que lhes cabe no cenário empresarial.Qualquer semelhança com aulas de teatro não é mera coincidência. “A diferença é que não fazemos apresentações e não usamos maquiagem ou figurino”, diz Leonardo Calixto, ator e sócio-fundador da escola de teatro E.I.T. Na lista de clientes de Calixto figuram CEOs e diretores de empresas do porte de Petrobras, Avaya, Ford, Santander e Siemens. Os cursos duram, em média, três meses e os preços variam de R$ 1,5 mil a R$ 5 mil. Entre os principais cursos que usam a metodologia de cultura de performance está o Desbloqueio Criativo, direcionado para a oratória. Nele, os profissionais trabalham a dicção, a projeção de voz e a postura diante de diferentes públicos. Azinérito Soares Netto, presidente da administradora de cartões Comprocard, do Espírito Santo, foi aluno da E.I.T. durante seis meses. “Como minha área é a de vendas, precisava aperfeiçoar meu desempenho no contato com o público”, afirma. “Recomendei a meus funcionários que também fizessem o curso.” Outro que passou pelas salas de teatro foi Marcos Brito, coordenador de infraestrutura de sistemas da Ford Credit, o braço financeiro da montadora. Diz que aprendeu, principalmente, a controlar as emoções. “Um dia cheguei à escola e meu professor me deu uma tremenda bronca, dizendo que meu desempenho era péssimo”, diz Brito. “Era pura encenação e ele estava me forçando a usar os exercícios de respiração e concentração para lidar com aquilo. Me saí bem.” Como diz Calixto: “O que é o mundo dos negócios senão um grande teatro?”.